"Declaro Teresa e Helena unidas pelo casamento" (DN online)

Primeiro casamento homossexual no País foi celebrado logo de manhã. Filhas e uma dúzia de convidados assistiram.

"Em nome da lei e da República Portuguesa declaro que Teresa e Helena estão unidas pelo casamento." A cerimónia, marcada pelas palavras da conservadora da 7.ª Conservatória do Registo Civil de Lisboa, durou uns simples dez minutos. Entre as 09.37 e as 09.47, segundo as contas do DN, o casal de lésbicas que já namora há oito anos concretizou o seu "sonho".
Já em Fevereiro de 2006 - nessa mesma conservatória de Lisboa -, o casal tentara unir-se civilmente, mas sem sucesso. Desta feita, Helena Paixão, que acrescenta Pires ao nome de solteira, 43 anos, e Teresa Pires, que acrescenta Paixão como último apelido, 33 anos, tornam-se o primeiro casal homossexual a casar em Portugal.
"Ainda não acredito", diz Teresa, visivelmente emocionada. A aliança nos dedos era o único sinal da união. As noivas não usaram véu e grinalda, preferiram roupa descontraída (ver fotos). Uma dúzia de convidados assistiram ao casamento - incluindo as filhas de cada uma, Beatriz, de 16 anos, e Marisa, de 10 anos, de relações heterossexuais anteriores.
A bandeira de arco-íris - símbolo da luta pelos direitos dos homossexuais - foi orgulhosamente hasteada na parede já no final da cerimónia e amplamente fotografada pelos fotógrafos que compuseram o quadro.
"A nossa lei vê o casamento como um projecto recíproco de felicidade", explica a conservadora. "Decisivo para a concretização pessoal." E, apesar de todo o aparato mediático, como se de um casamento de VIP se tratasse, é isso que Helena e Teresa garantem: "O sonho era casar, não dar espectáculo."
No final da curta cerimónia, o mesmo ritual se cumpriu: em tom meio de brincadeira, a conservadora não deixou de perguntar: "Se alguém tem algum impedimento a esta cerimónia, que diga agora." A resposta foram palmas, sorrisos rasgados, flashes de máquinas fotográficas, directos das televisões.
"Merecem muito ficar na História de Portugal", frisou o advogado do casal, Luís Rodrigues, que acompanhou a luta de Teresa e Helena desde o início.
O primeiro casal de lésbicas tem desde ontem os mesmos direitos de um casal até agora previstos no nosso Código Civil. Tal como o direito de herdar uma da outra e os direitos reais sobre os bens que cada uma possui.
O próximo passo de Teresa e Helena passará pela luta dos direitos iguais na parentalidade, "quer na adopção quer na procriação medicamente assistida", avançou o mesmo advogado.

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